domingo, 28 de novembro de 2010

Ela Dorme, Eu Acordo (Ela Acorda, eu Durmo)

Acordo cedo.
E me desloco para correr na praçinha.
Libero toda endorfina em algumas voltas.
Passo na padaria e peço o de nunca (pão na chapa com café preto sem açúcar).
Volto para casa. E ela ainda dorme.
Observo-a toda borrada de maquiagem da noite passada.
Para identifica-la como uma panda só é preciso trocar a cama em questão pelo habitat natural.
E seus cabelos tão rebeldes têm um charme especial quando despenteadassos.
Aliás, maldito coberto que aquece e regula os traços perigosos das suas curvas... Como às vezes sussurrava baixinho no ouvidinho dela: “ Mais perigosas que as ondas de Honolulu...”

Ligo o rádio para ouvir a CBN (afinal sou maloqueiro-tabajara inquieto, mas mezzo nerd caladão também) enquanto tomo coragem para preparar mais um coffee. Na sintonia rola Mitsubishi FM. Estava ecoando o finalzin da canção “ Do Leme ao Pontal” do mestre Tim.

Saio do quarto. E logo volto com uma garrafa térmica embaixo do braço e duas canecas nas mãos.

A dela totalmente vazia.
A minha quase cheia.

Volto a deitar junto dela e encosto na sua bunda.
O que me fez lembrar da vez que ela disse:
- Você gostou da minha bunda, hein?

Eu acredito que não disse nada, mas pensei sobre todas as possibilidades de devoção. E Pensei até no livro (e filme) “O Cheiro do Ralo” do mestre Mutarelli.

Fato que as bochechas da bunda dela têm o mesmo efeito e poder que o melhor time de futebol do século passado: cessar uma guerra.

Lembrei de uma gíria muito tosca para bunda.
“Zé do broquinha.”
Incrível como consigo rir dos meus pensamentos.

Olho para a escrivaninha do lado do monitor morto e percebo a ilustre presença de um final de um delicioso baurete (ópio de pobre).

Obviamente o fumo.
Pois, posso ser tudo menos bobo.
Baurete fumado e senti o efeeeeeito.

Penso em acordá-la, mas ela dorme como se fosse um solzinho repousando.
Toda radiante com o dedo médio na boca (isso é piada, ela não estava assim).

Eis que tive uma idéia suja e deliciosa.
Deitei por cima dela segurando meu peso pluma (leia-se magreza) com as vértebras.
Beijei sua testa (é a nossa senha de sinal) num ritual que é só nosso.
Sussuro algo no seu ouvido.
O quê?
Algo impublicável (segundo a Edições Ideal).

Desescalo seu monte.
Desço sorrateiramente como uma jibóia negra, beijando e lambendo cada poro.
Até colidir com a chave do mundo.
Meus lábios encontram os dela.
E beijo e sugo sua boceta.
E tudo se desenvolve a partir do deslizar da minha língua.

Durante os trabalhos de carícia penso na teoria de que o pau nunca resolve tudo sozinho.

Ela demonstra o sono estremecer.
Sinto sua respiração acelerar.
Ela franze a testa.

Conforme o entra-e-sai, vai-e-vem, breath-in, breath-out...
Ouço seus gemidos contrastando com o ritmo que imponho.

Mordisco, lambo rápido, lambo devagar e chupo para frisar seu gosto entre as coxas em minha boca.

As estações parecem alternar a cada movimento.
“ Malibu” do Hole como trilha de fundo.
Mergulho cada vez mais na lagoa azul que começa à ficar cada vez mais molhada como o portal de um novo mundo.

Mais gemidos ditam a sinfonia de pequenas explosões sintonizadas com o ápice do que ocorre.

Eu penso que consigo interpretar o que ela pensa.
Mesmo de olhos fechados.


Depois de algum tempo um gêiser é edificada com um de seus berros. E ela expira, como num gesto de alívio...

Ela acorda. Eu durmo.




escrito por: Eduardo Boqaa ( http://www.fotolog.com.br/umanacaodemaos )

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